Seminário do Agronegócio encerra com debate sobre protagonismo do Brasil na nova ordem mundial

Seminário do Agronegócio encerra com debate sobre protagonismo do Brasil na nova ordem mundial

O cenário geopolítico e as contribuições do Brasil para a “nova ordem mundial” encerraram os debates do 6º Seminário Internacional Multidisciplinar do Agronegócio, realizado nos dias 22 e 23 de maio, no Cenarium Rural, em Cuiabá. O painel “A Nova Globalização: Riscos e Oportunidades para o Agro Brasileiro” trouxe uma reflexão sobre o panorama econômico e social (curto e longo prazo) e as condições que tornam o País um potencial protagonista dessas mudanças.

O evento foi realizado em parceria entre o Poder Judiciário de Mato Grosso, por meio da Escola Superior da Magistratura de Mato Grosso (Esmagis-MT), e a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).

Diante de um contexto de rápidas mudanças (tecnológicas, geopolíticas e sociais), refletir sobre o futuro do país, junto a produtores e juristas, contribuirá para o alinhamento estratégico das demandas. Conforme o desembargador e diretor-geral da Esmagis-MT, Márcio Vidal, esse objetivo foi alcançado durante o seminário.

“A percepção é que estamos evoluindo. Tivemos aqui a oportunidade de abordar diversos assuntos com profissionais que fortaleceram essa relação com a sociedade e o agronegócio. Nós, como Poder Judiciário de Mato Grosso, temos que cooperar e integrar essas discussões, pois todo conhecimento que adquirimos é bem-vindo nas apreciações que ocorrem na Segunda Instância”, avaliou o desembargador e um dos organizadores do evento, Márcio Vidal.

O painel ‘A Nova Globalização: Riscos e Oportunidades para o Agro Brasileiro’ foi presidido pelo desembargador Alexandre Miguel, do Colégio Permanente de Diretores de Escolas Estaduais da Magistratura (Copedem), que fez uma contextualização dos fatos geopolíticos.

“Vivemos num tempo em que o mundo não está mais conectado por navios, mas a nova globalização move-se pela transformação digital, pela pressão ambiental e pelas cadeias de valores sustentáveis, e, sobretudo, pela geopolítica complexa de um mundo multipolar. Os reflexos disso sobre o agronegócio brasileiro são, portanto, diretos e inescapáveis. O agro responde por quase 1/3 do nosso PIB. O Brasil é hoje o maior exportador mundial de soja, carne bovina, frango, milho, açúcar e café. Entretanto, ao mesmo tempo em que somos gigantes da produção, enfrentamos os ventos incertos da nova ordem global”, pontuou.

As previsões para a ‘nova ordem mundial’ citada pelo magistrado foram apresentadas pelo ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco do BRICS), Marcos Troyjo, palestrante no painel. Economista e cientista social, Troyjo apontou três eventos mundiais que impactam e irão impactar a economia do país.

Nessa nova globalização, o especialista avalia que o estoque geral de risco, incerteza e dificuldades aumentou para a maioria dos países. Porém, do ponto de vista brasileiro, “temos mais razões para ver o copo meio cheio do que o copo meio vazio”.

Um dos eventos microgeopolíticos que influencia nisso é o fenômeno o qual ele denomina “Trumpulência”, em referência à guerra comercial liderada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a China. Com a turbulência causada pelos embargos comerciais, Troyjo questiona: “Qual é o único país do mundo, com a capacidade quase que automática, seja do ponto de vista da velocidade, da agilidade ou de escala, de substituir esse fluxo de exportações de alimentos para a China? É o Brasil. Isso quer dizer o seguinte: que o Brasil vai aumentar muito. Quer queira, quer não”.

Os outros dois eventos que devem colocar o Brasil como protagonista no cenário mundial estão relacionados ao aumento da população mundial, que deverá saltar de oito bilhões para dez bilhões de pessoas nos próximos 25 anos.

“De onde vem a água do mundo, o alimento, a energia, os recursos necessários para construir uma economia? Essa tendência será multiplicada pela terceira força macropolítica. Será uma situação inédita na história, e que a contribuição do G7 (Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Reino Unido, Itália, Canadá) na formação do crescimento da economia global será menos importante do que a contribuição relativa daquilo que chamo de E7 (China, Índia, Brasil, Indonésia, Arábia Saudita, Turquia e México). A contribuição relativa da expansão do PIB desses países vai agregar mais ao bolo da economia mundial do que a contribuição relativa do G7”, garante.

Atento a essas oportunidades, o produtor rural João Oliveira Gouveia Neto, debatedor do painel, falou do otimismo provocado pelos debates.

“Vamos conseguir juntos, com essa animação que você trouxe para nós hoje, Marco. Eu sempre acreditei no Brasil. E ao ouvir que haverá esse aumento de oito para dez bilhões de pessoas, aumenta meu otimismo. Hoje falamos que escassez traz guerra, mas o alimento traz paz. E essa a gente busca, essa tão sonhada e desejada da paz, através do nosso trabalho”, celebrou.

Para Rodrigo Bressane, advogado da Famato, o evento cumpriu o propósito de informar. “O evento permitiu uma interlocução, uma sinergia do conhecimento do Poder Judiciário com a demanda do campo. Falamos da produção de alimento no Brasil, proteção ambiental, tecnologias. E, em pensar que há 30 anos éramos importadores de alimentos, o Brasil virou o jogo e passou a incomodar muita gente, mercado e país. Esse seminário é adequado para levar informação qualificada, levar essa informação com assertividade e veracidade para todos”, finalizou.

O 6º Seminário Internacional Multidisciplinar do Agronegócio reuniu desembargadores, juízes, servidores do Judiciário estadual, representantes do sistema de justiça, produtores rurais e estudantes.

Foram parceiros no evento a Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt); a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-MT); a OAB-MT, por meio da Escola Superior de Advocacia de Mato Grosso (ESA-MT); e a Universidade Federal de Mato Grosso, por meio da Faculdade de Direito.

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